UMA ESTÓRIA
Talvez, certas estórias nunca devam ser contadas, mas tenho uma que gostaria de compartilhar convosco, meus caros. Não é uma estória bonita, muito menos tem um final feliz. É uma estória que conheço desde garoto e que muitas vezes embalou meus sonhos. Então vamos do começo, como toda boa estória deve começar.
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Era uma vez um reino muito distante, onde todos viviam em harmonia e paz.
Este reino era governado por um rei muito bondoso e justo que tinha uma rainha linda e amável para com seus súditos. Havia também a garotinha. Ah! A garotinha... Era uma menina linda e travessa, com cabelos castanhos compridos e lisos que as amas lutavam em manter arrumado.
Bela era seu nome. Ela adorava estar em todos os lugares, e, se pudesse ao mesmo tempo. Porém o lugar que ela mais gostava na imensidão do castelo real, eram as estrebarias, onde trabalhavam dezenas de serviçais nas mais diferentes funções. O rei e a rainha criaram Bela muito próxima dos serviçais, e logo, ela aprendeu que não deveriam existir diferenças entre ela e aqueles que a serviam, com isso, ela era a favorita de todos os empregados de seu pai. onde Bela passava sobravam sorrisos e sua jovialidade e alegria se espalhavam onde quer que fosse.
O tempo passou, e fez de Bela uma linda jovem, que era cobiçada por muitos moços que passavam pelo reino, porém seu pai, o rei, era inflexível e dizia que sua filha estava prometida a um cavaleiro de um reino distante. Muitos tentaram, porém todos saíram desolados diante da recusa enfática do rei. E nunca tal cavaleiro chegava.
Bela, desde pequenina sempre teve total liberdade dentro dos muros do castelo, porém era terminantemente proibida de sair para fora dos muros, principalmente durante a noite, pois, diziam os mais velhos, haviam criaturas demoníacas que viviam dentro da floresta. Essas crendices nunca atemorizaram Bela, porém por obediencia, nunca saia depois de escurecer.
Ocorreu que certa vez, o rei ficou muito doente e esteve a beira da morte. Febre durante muitos dias e dificuldade para comer, fizeram com que seu corpo, outrora vigoroso, enfraquecesse e ficasse debilitado.
Vários médicos foram chamados a presença do rei para tentar curá-lo de seu mal, porém nenhum deles conseguiu êxito, e a cada dia o rei ficava mais fraco. O povo do reino estava ficando doente junto com seu rei, não haviam mais festas, não haviam mais as feiras repletas de cheiros e cores, não havia mais a tradicional cavalgada do rei, que sempre fora seu evento preferido. Com o tempo, tudo ficou triste e sem cores.
Certo dia, Bela, ao andar pelos bosques, encontrou uma velha senhora que repousava sob um carvalho. Ao se aproximar, a velha levantou a cabeça e ofereceu a Bela um sorriso sem dentes e murcho. Disse ela a Bela, que ela lhe parecia abatida e demasiadamente triste. Imediatamente, Bela lhe contou tudo o que havia acontecido no reino nos últimos tempos, inclusive sua suspeita de que o rei estava doente, justamente por conta da demora desse lendário cavaleiro, e da demora de um neto.
A velha, lhe contou que era uma curandeira e pediu para ser levada a presença do rei, pois ela tinha a cura para o mal que o afligia. Chegaram ao castelo ao final da tarde, quase anoitecendo e Bela já estava anciosa, pois nunca desobedecera seu pai, e saíra do castelo depois de cair a noite.
Foram direto para os aposentos reais, onde jazia sobre o leito, aquele que governara esta terra com tanta justeza e que agora era quase um cadáver que respirava.
Rapidamente, a velha mandou abrirem as janelas do quarto e pediu aos empregados que trouxessem água quente e outras coisas que se acham facilmente em uma cozinha bem suprida. Depois de algumas horas, e muitas beberagens, a velha se retirou do quarto e disse que o rei acordaria em dois dias, totalmente recuperado. A rainha, por segurança, ordenou que fossem preparados aposentos, pois a boa senhora iria se hospedar até que o rei estivesse bom. A boa velhinha aceitou prontamente e disse que estaria à disposição conforme fosse necessário.
Depois de dois dias, duas empregadas encarregadas de abrir as janelas do quarto do rei logo cedo, quase morreram de susto ao verem seu soberano vestido, barbeado e pronto para qualquer demanda. Assim que as meninas se refizeram de seu susto, o rei lhes ordenou que levassem a idosa a sua presença na sala do trono. Ele estava realmente se sentindo um garoto.
Assim que entrou na sala do trono, a senhora se curvou ante o rei humildemente. o rei desceu de seu trono e lhe tomou as mãos, ajudando-a a levantar-se. Agradecido, ele lhe ofereceu uma soma em dinheiro, que foi enfaticamente recusada. Não satisfeito, o rei lhe ofereceu uma pequena cabana, perto de um córrego, num dos cantos mais afastados do reino. A velha aceitou, com uma condição. Que o rei permitisse que ela batizasse seu primeiro neto, conforme os ritos antigos. O rei, um bom homem, e cristão, prontamente recusou este pedido, dizendo que tal abominação não seria tolerada e que ela se contentasse com sua gratidão e bondade oferecidas. A senhora então, levantou sua cabeça e, com um sorriso sem dentes, se retirou da presença do rei.
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Durante alguns anos, a velha viveu solitária no seu recanto, sem ser molestada por quem quer que fosse, porém, depois de muito tempo, um mensageiro do rei chegou e trouxe consigo, um pedido para que se apresentasse o mais breve possível. O rei precisava de conselho e era dela que esperava respostas para assuntos urgentes. Enfim o rei pagaria sua dívida.
O rei lhe contou que, há um ano, Bela, sua filha, agora uma encantadora jovem, em idade avançada para o casamento, saíra em uma noite de lua cheia a passear a cavalo pela floresta. Ela desobedecera sua ordem mais veemente, a única que nunca havia sido quebrada. E nesse passeio, encontrara certo cavaleiro, que ao vê-la na luz do luar apaixonou-se perdidamente por Bela, e que desde então a cortejava com frequencia. E o mais abominável, ela estava apaixonada por este fulano, correspondendo seu amor e prestes a aceitar seu pedido de casamento. Quando a velha lhe perguntou sobre o outro cavaleiro, das lendas que ela havia ouvido, o rei caiu em pranto e lhe disse que era tudo uma lenda, inventada por ele mesmo, para impedir que qualquer um levasse sua filha de perto dele. Na verdade ele não queria ficar longe dela, pois para ele, ela era o maior dos seus tesouros. O que poderia uma humilde velha fazer para que a aflição do rei fosse amenizada? Perguntou a idosa ao rei.
O rei então, rogou-lhe que fizesse uso de seus poderes pois, sabia o rei, ela não era somente uma velha indigente, mas uma bruxa muito antiga que habitava essas paragens desde tempos imemoriais.
A velha sorriu zombeteiramente e disse ao rei que outrora ela lhe havia feito um pedido, que por orgulho, o rei não aceitara. Por que agora, o rei lhe rogava que usasse sua magia em favor de algo tão mesquinho?
Erguendo a voz e levantando suas mãos esqueléticas, a velha pareceu crescer e se espalhar por todo o aposento. Rogou uma maldição que ecoa até os dias de hoje nos corredores do castelo. " Me pedes que mantenha teu tesouro a salvo, és mesquinho pois nunca entendestes o que é o amor. Me pedes que afaste este jovem, que poderia dar a ti o rebento que traria alegria em tua velhice. Ages com avareza ao negar-se abrir mão de um tesouro por outro. Queres abraçar o mundo com braços de criança. Portanto Vossa Majestade, de hoje a contar três semanas, tua filha cairá em uma sono profundo, tal qual o sono da morte, será para todos um exemplo de teu castigo, ela estará posta em um caixão de cristal puro, e seu corpo não se desmanchará. Quanto ao jovem moço, dono de seu coração, vagará pelas florestas do teu reino, na forma de uma fera selvagem, será para ti um cão a abocanhar teus tornozelos, para que te lembres de tua iniquidade. Não o matarei, pois na força deste amor estará a cura para o sono de tua filha, porém nunca se encontrarão. Enquanto for dia, ele vagará sem memória pelas charnecas de teu reino, à noite sua memória estará viva como fogo, mas seu corpo será o de uma besta infernal. Esta é tua sina Vossa Majestade, estar atormentado pela culpa e acuado dentro de seu castelo. Terás tempo de sobra para contemplar teu tesouro, pois se saíres, teu algoz será impiedoso". Dizendo isso, a idosa virou-se e ia partir, mas o rei, tomado de rancor, ferido em seu orgulho, mandou que os guardas a levassem para o calabouço. Porém, ao aproximarem-se, os guardas foram repelidos por uma corrente de ar muito forte, e a idosa, qeu estava no meio deles sumiu em um redemoinho de fumaça negra, em meio a gargalhadas de loucura demoníaca.
***
Durante muitos anos, o rei procurou sábios e vizires para desfazer o encanto que aprisionava Bela, mas todos sem resultado. O reino caiu em tristeza e perdeu completamente sua vontade de viver, era como se todos estivessem adormecidos, como Bela.
Bela permanecia dentro de uma urna de cristal puríssimo, no meio do jardim de inverno no castelo, muitas pessoas iam até ali para contemplarem a linda jovem que dormia profundamente. Sua beleza não se apagava com o passar doas anos, e ela permanecia eternamente bela.
Seu amado, vagava durante o dia, pelas vilas e povoados próximos totalmente alheio ao que acontecera, sua memória nesses períodos era apagada, e ele esquecia seu amor adormecido. Porém ao cair da noite, sua memória retornava ao mesmo tempo em que ele se transformava em um ser bestial e extremamente perigoso. Nessas horas da noite, ele rodeava as terras do castelo uivando, chamando por sua amada, que não podia lhe ouvir.
O tempo passou, as coisas mudaram, o rei morreu, e com ele seu reino sem herdeiros. A bela rainha, envelheceu em tristeza por sua filha amaldiçoada.
O belo jovem, dizem, ainda é visto vagando sem memórias pelas florestas do que um dia foi um reino de paz e alegria. Algumas pessoas dizem que ele se parece com um anjo mendicante. Naquelas paragens, ninguém que tenha juízo, se aproxima das ruínas do castelo à noite, pois diz a lenda, um lobo gigante ronda esperando um momento entre o fim da noite e o alvorecer, para libertar sua amada de sua prisão.
Bela ainda repousa em sua urna de cristal em algum lugar no meio daquela floresta assombrada, esperando o dia em que seu amado venha lhe trazer novamente o fôlego de vida. Dizem que no lugar onde está o santuário de Bela, nascem flores brancas por toda a parte, para lembra da pureza de seu amor, e de sua inocência.
Um dia, eles se encontrarão.
Entrei hj pela primeira vez no blog, uma historia muito interessante, gostei muito mesmo, um blog fantastico!
ResponderExcluirManolo...eu vi teu comentário lá no meu blog o Noite Sinistra..e resolvi te propor um lance...vc pode usar meus links e tals, e sempre que vc fizer uma atualização...manda o link dessa nova postagem para os comentário do meu blog, ou para o e-mail noitesinistra@gmail.com, que eu divulgarei tua postagem nos links Sinistros do meu blog...Como eu explico no campo de parceira do Noite Sinistra, eu não estou aceitando parceiros que não atualizem com certa frequência seus blogs, mas isso não significa que eu não esteja afim de ajudar...
ResponderExcluirSábado que vem vou compartilhar um link do teu blog...então sempre que vc quiser divulgação para alguma postagem sua...me manda ela...eu dou uma olhada e encaixo ela nos meus links Sinistros...
Abraço manolo!!!!